Futuro brilhante para tintas biológicas
Daniele Uboldi da EPTA Inks sobre como as tintas biológicas aprimoram as tecnologias existentes.
Explique como os produtos e processos nas tintas EPTA são sustentáveis; 82% de suas matérias-primas são de fontes renováveis certificadas. Como você conseguiu isso?
Vinte anos atrás, a indústria têxtil global começou a limitar e regulamentar o uso de substâncias prejudiciais aos seres humanos e ao meio ambiente. Desde então, o número de substâncias perigosas em circulação cresceu, mas ao mesmo tempo seu uso se tornou menos aceitável. Com o advento da regulamentação REACH da UE (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos), as empresas tornaram-se ainda mais conscientes da importância da química verde, tanto fora como dentro da Europa. Nas economias do mundo em desenvolvimento, a indústria estava crescendo, mas havia uma atitude pobre em relação a salvaguardar o bem-estar dos trabalhadores e também das pessoas que iriam usar o produto acabado.
Há dois anos, a EPTA Inks decidiu elevar o padrão da sustentabilidade com uma nova filosofia de economia circular. Selecionamos matérias-primas de fontes renováveis e substituímos as embalagens PET tradicionais por materiais reciclados. Obtivemos tintas para impressão têxtil de fontes renováveis em colaboração com grandes empresas químicas que, como nós, estão focadas na economia verde.
Outras pessoas na indústria de impressão estão fazendo o suficiente para serem sustentáveis?
Quem trabalha para as grandes marcas da moda e sportswear está na vanguarda da sustentabilidade. O lançamento de tintas biológicas no mercado trouxe, na minha opinião, a alma ecológica de quem trabalha na indústria têxtil, porque penso que as tintas biológicas fornecem algumas respostas concretas às reais necessidades industriais: os materiais têxteis são cada vez mais eficientes em termos de circularidade (poliéster reciclado, algodão orgânico etc.), mas os produtos químicos com os quais os imprimo são ecológicos? Acho que todos na cadeia de suprimentos podem contribuir se puderem acessar as soluções certas.
Você fala sobre a importância de boas parcerias ( como com a Coveme ) para criar plataformas de tecnologia para melhores soluções. Que conselho você daria para encontrar o parceiro certo?
Parceria e capacidade de criação de plataformas tecnológicas são essenciais para inovar de maneira mais rápida e melhor. Encontrar o parceiro certo não é nada simples: a sinergia necessária entre as duas organizações garante o crescimento da outra. Depende muito das pessoas: o estabelecimento de bons relacionamentos pessoais, a vontade de se destacar e a curiosidade em explorar novos setores tecnológicos tornam tudo muito mais fácil.
Em roupas esportivas, existem combinações complexas de diferentes fibras que são difíceis de reciclar - como isso pode ser superado?
A roupa esportiva, e muito do 'fast fashion', é feita com malhas e tecidos de composição mista, geralmente blends de fibras naturais e sintéticas. Isso complica o potencial, tanto em termos técnicos quanto econômicos, de reutilização ou reciclagem da roupa ou do tecido. É necessário separar as diferentes fibras que compõem o produto. Devemos nos esforçar mais para desenvolver fios ou tratamentos que obtenham tecidos de alta performance e evitem fibras misturadas.
Em termos de matérias-primas, haverá lugar para o policotão no futuro?
É difícil saber se os sistemas de reciclagem de fibra combinada aproveitarão as inovações tecnológicas. Hoje, eu diria que não, por vários motivos técnicos - a reciclagem de 100% algodão em si não é simples e eficaz devido ao tamanho das fibras. Com cada regeneração, eles se tornam cada vez menores até que outras fibras devem ser adicionadas para criar um fio utilizável.
O futuro parece promissor para os fios que podem ser reprocessados em fluxos de trabalho industriais usando processos relativamente simples e baratos, como lã, poliéster e náilon. Também deve ser levado em consideração o grave problema dos microplásticos em nossas hidrovias, que impactam tanto os organismos aquáticos quanto os humanos. No futuro, isso provavelmente limitará a popularidade dos tecidos sintéticos.
O que as impressoras podem fazer para se tornarem mais sustentáveis?
A indústria gráfica é muito diversificada: para algumas empresas é mais fácil decidir sobre os materiais com que querem trabalhar; para outros, cadeias de suprimentos complexas são mais difíceis, como grandes grupos de moda e esportes.
O ponto de partida deve ser sempre um excelente sistema de gestão da qualidade. Isso pode ser implementado gradualmente seguindo as diretrizes dos padrões de certificação da indústria, por exemplo OEKO-TEX ou ZDHC (Zero Discharge of Hazardous Chemicals).
As impressoras modernas podem se tornar sustentáveis por meio de suas escolhas. Optar por usar produtos não prejudiciais ao meio ambiente e à saúde, preferindo materiais renováveis aos derivados totalmente da indústria petroquímica, optando por processos que envolvam menos água, que é um recurso cada vez mais precioso. No caso das tintas, o impressor deve privilegiar aquelas que requeiram menos energia para a cura e que, por fim, agreguem maior durabilidade à peça para que ela não se jogue fora após algumas utilizações.
O consumidor também tem um papel a cumprir?
Sim, são os usuários finais que podem exigir maior sustentabilidade dos produtos têxteis e da indústria têxtil. As decisões do consumidor também são fundamentais para criar um 'círculo virtuoso': atenção aos rótulos, escolha de tecidos monofibras e maior atenção à qualidade e respeito ao meio ambiente do produto - mesmo em face de custos de compra mais elevados.
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